EDIT: 26-04-12
Onboard Vídeo adicionado
O desejo e a vontade em nos embrenharmos na S. Estrela nas 2 rodas, foi finalmente alcançado, no dia 22 de Abril. Isto para aqueles que participaram no evento do dia. Para os que não participaram e que gostariam de ter ido, deixo o Post e a Fotogaleria.
Por coincidência, esse dia representou o dia Mundial da Terra, que tem por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.
Pois bem, a 3ª etapa do TransPortugal Garmin Race Test Ride (Guarda-Unhais da Serra), foi o Track que nos guiou ao longo da fantástica biodiversidade e beleza ambiental da S. Estrela, neste dia Mundial da Terra!
A vontade era imensa, mas as dúvidas e os receios também… a meteorologia inconstante e a incerteza das condições climatéricas, que sempre existem na serra, era para mim o principal fator de receio, dos 108km previstos para a 3ª etapa TransPortugal Garmin Race Test Ride.
A apimentar a “facto”, havia o “se não” da dureza da altimetria prevista, 3683m de subida acumulada!!! Uma grandeza de valor ainda desconhecida, pelo menos para as minhas 2 rodas!
No entanto, e apesar destes condicionamentos, facilmente se conseguiu juntar um grupo de 5 “loucos bravos”, Leo, Mike, Cruto, Filipe S., e Paulo R., que às 9h estavam a postos para o arranque junto dos restantes ±20 participantes, no Hotel Lusitânia na Guarda. Pela contagem da foto de início, os participantes andariam por volta dos 25 bttistas.
Mochilas às costas e repletas de kilo calorias, pois não haveria qualquer tipo de apoio durante o dia e com o Garmin ligado, depois da foto de grupo, as pedaleiras começaram a rolar por volta das 9h15m.
O início do percurso, era para nós Guardenses, sobejamente conhecido. Subida às eólicas da Guarda e descida até à Misarela (Vale do Mondego) pela Calçada Romana, onde é possível disfrutar de uma bela panorâmica sobre o Vale do Mondego e montanhas circundantes. Depois dar-se-ia início à primeira “parede” do dia. Localmente é conhecida por “Subida Rainha”.
Das tantas vezes, já subida a Rainha, esta foi por ventura a vez que mais me terá custado. O facto de pensar que ainda teríamos pela frente, um enorme acumulado de metros por perfazer, terá provocado em mim, um efeito psicológico estranho, pois das outras vezes é subir e derreter se for preciso, mas desta vez, era preciso gerir esforço, e essa gestão começava já ali!...
Daí para frente o rumo seria a Videmonte, onde faríamos o nosso primeiro reforço, na “Taberna da Ana”! Ali à frente, estava já o coração da Estrela, zona de beleza inigualável.
Aqui nesta zona, ao nosso grupo de 5, seria adicionado um colega Lisboeta, que nos acompanharia até ao final do dia.
Por entre as montanhas e pela floresta, que ainda vai persistindo nessa zona da serra, passaríamos também pela pedra do “Faraó” e de seguida, a descida com panorâmica para o Alto de Folgosinho.
Aqui, num miradouro para Folgosinho, e junto a uma fonte com umas mesas de granito, seria o repasto do almoço. A segunda grande parede estava já aí à frente… a subida para a Santinha! Um lugar mítico para o btt!
Encontrar adjetivos para a classificar é fácil… dura, difícil, longa, mas no entanto, mais uma vez, com uma bela panorâmica por entre bosques e quedas de água que afinavam os nossos sentidos… pelo menos, enquanto foi possível contatar… pois um pouco antes da chegada do topo, a história foi outra!...
Subitamente, já no sopé do planalto da Santinha (1600m), o nevoeiro e o ruidoso vento, tinham-se instalado, reduzindo a visibilidade e o conforto individual… as condições climatéricas tinham-se tornado muito agressivas, provocando o desânimo no grupo… o Garmin marcava 0,7ºC!… o vento estava violento e a visibilidade??? Praí uns 5m! O único abrigo disponível foi o alçado oposto à direção do vento, do posto de vigia… Tínhamos de sair dali. Ou para a frente ou para trás… “Pra frente é sempre a descer!” dizia o colega lisboeta. E assim foi, com este incentivo e mais uma dose de coragem, lá arrancamos por entre o intenso nevoeiro e vendaval… Assim que começamos a baixar de altitude, sentia-se que as condições climatéricas melhoravam, e à medida que isso acontecia, pedalávamos ainda com mais força, para sair dali para fora!
Zona do Vale do Rossim contornado, Penhas Douradas (1400m), Mondeguinho e de repente… surgia Manteigas bem lá no fundo, com a extensão do seu Vale Glaciar… que visão! Já sem o nevoeiro e o vendaval, recebemos uma nova injecção de motivação e daqui até lá baixo era sempre com a diversão, da esturra da pastilha! E que grande descida! Puro divertimento ao contornar a Pousada de São Lourenço, cruzamento Covão da Ponte e por fim, Manteigas (700m)!
Após 75km, e com corpo já maçado, faltava agora a pior e mais difícil do dia. A longa picada para Piornos (1600m)… Iniciou-se a subida com uma certeza, haveria subida até aos 95km, e daí até aos 108km finais, seria sempre, sempre a descer.
Depois de feita esta parte, alguém comentaria: “A Rainha ao lado desta, é uma Princesinha!” e mais não digo…
Chegados aos 95km, o topo de Piornos (1600m), e já com a visão do Hotel H2O lá no fundo em Unhais da Serra, só faltava a grande descida em estrada. Parecia facílimo depois de tudo aquilo que ficou para trás…
Este último pedaço, e repito, sempre a descer (1600m→650m), viria então a revelar-se duríssimo. O frio que se fazia sentir em conjunto com as grandes velocidades, que rapidamente se atingiam sem pedalar (60km/h), gelaram as mãos, tendo inclusivamente toda a gente sentido “choques nas mãos”… sinal de hipotermia! O receio era o de não conseguir apertar os travões, com tanto frio nas mãos.
Com este sofrimento final, e sem que tivesse ocorrido qualquer azar, finalmente ali estava ela à nossa frente, o imponente e fantástico Hotel H20!
Com o banho tomado no Hotel, e já na companhia das mulheres, que nos tinham ido buscar, demos por terminada esta fantástica TransPortugal Garmin Race Test Ride (Guarda-Unhais da Serra), e rumamos de automóvel à Guarda!
Repetir?! Claro, mas com outras temperaturas!
O percurso:
O vídeo:
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