E chegou-se o dia. O dia de percorrer as rotas das invasões francesas que outrora percorreram, a galope de cavalo, destemidos cavaleiros e cruzados. Desta vez o galope foi de pedal e o cavalo foi substituído pela bicicleta. Algo menos violento mas de aproximado grau de adrenalina.
Enquanto tomava o pequeno almoço já se faziam circular as mensagens de alvorada, pequenas comunicações que iniciam a contagem decrescente para estes eventos matinais tão agradáveis.
Só depois do café tomado na pastelaria que nos tem recebido habitualmente é que apertámos os cintos de segurança em direcção a Almeida junto à fronteira.
De olhos postos na estrada, com a companhia do sol que já tendia a contrariar a leve brisa que se fazia sentir, fizemos a viagem em amena cavaqueira, atentos contudo, ao estacionamento propositado do Toyota Avensis cinzento na lateral direita da A25 logo após a saída para Pínzio... era dia de fotografias enviadas por correio... aos menos "fotogénicos".
Desde o estacionar da nossa companheira, já apelidada de VassouraMobil, até estarmos todos prontos, passou pouco tempo. Receber os frontais, descarregar as máquinas, fazer um quick checkup aos travões e corrente, cantis e ... marchar até ao ponto de partida, junto a uma das portas das muralhas de Almeida.
Os cerca de 300 participantes iam chegando, enquanto a organização se preparava para dar as habituais indicações. Aquela imensidão de pessoas e máquinas vinha demonstrar a aprovação que Almeida tem recebido, consolidando a fama ao longo destas 9 edições do passeio.
Após dada a partida formou-se um enorme engarrafamento para passar as portas da vila, que acabou por desaparecer mal o pelotão acelerou pelos primeiros kilómetros de terra batida. Daí para a frente saiu o Carlos à cabeceira do Team , logo seguido pelo Bruno, Miguel Filipe e Coelho. O Vítor e o Davide estavam escassos metros atrás. Rolando a baixa velocidade fomos passando os caminhos de "tufo" central viçoso e calcadas margens bem povoadas de silvados e giestas de grande porte que nos iam "esbofeteando" o corpo à nossa passagem.
À saída de terras lusas encontrámos mais um engarrafamento, desta vez era a passagem de uma ribeira que atravessava, literalmente, o caminho dos btt'istas.
Foi mais um momento que deu largas ás risadas e à boa disposição.
Voltámos então à carga no pedal, tínhamos deixado Malpartida para trás, dirigíamo-nos agora para Puerto Seguro em plena paisagem espanhola. Ainda não sabíamos mas estava o Reforço já à espera.
Verdadeiramente alucinante foi a descida para a ponte que atravessa o rio Águeda, sempre com bastantes btt'tistas na frente levantava-se pó que dificultava a visão, onde as velocidades roçaram os 57 km/h.
No Reforço barras de cereais , sandes e águas numa altura em que o calor já se fazia sentir. Ali fazia-se a separação das duas kilometragens disponíveis: os 80 e os 45 kms.
Barriga confortada, sede meia adormecida e "ála!" vamos embora que os primeiros 25 kms já cá cantam! O troço que se seguia era mais uma parte rolante, tanto que nos pasmávamos com as velocidades lidas nos ciclo-computadores.. nada habituais para quem está habituado a um relevo mais vagaroso.
De facto este passeio veio trazer alma nova ao espírito do Team. Tivemos a constatação clara de que as nossas capacidades físicas ultrapassaram as melhores espectativas.
Foi de facto um bom passeio para nós.
Uns camaradas que partilharam a sombra connosco por breves momentos.
Saudações pedaleiras para o Soito!
Até ali os estradões largos eram uma constante, sem buracos e bastante equilibrados tornavam-se um passeio confortável... à excepção das confecções orgânicas libertadas pelas "reais traseiras cavalares" que frequentam tais paragens. Para terem uma ideia ... os dejectos salpicavam violentamente, calções , jerseys , e capacetes, luvas, óculos tudo! disparados pelos pitons dos pneus da nossas bikes...
Lamentavelmente nem queixar nos era permitido, que o diga um dos nossos que comentava:
-" Engoli um gafanhoto!... ai não... não é ..É caca de cavalo...."
Episódios como este não se voltaram a repetir, felizmente Espanha não era só caca de cavalo, mas parecia...
Até porque a seguir veio algum alcatrão.
Ainda nos faltavam alguns kilómetros para chegar novamente a Almeida, mas nem nos preocupámos com isso. Estávamos a gostar bastante de todo o percurso escolhido, a organização mais uma vez esteve bem na escolha do trajecto. Apesar da surpresa que tivemos na povoação a seguir - Aldea del Obispo.
Antes disso houve mais uma ribeirinha para atravessar.
Bruno tirava sapos das meias...
...para logo a seguir indagar: " nem sei se te deixe já aí ou se te leve aos ombros..."
À chegada uma certeza: pedalámos que nos fartámos!(para o habitual) 56kms medidos em pouco mais de 3 horas.
O nosso tradicional CAI-BEM , faltou mas foi muy sublimemente substituído por uma ginjinha, também ela proveniente duma muy singular tasca!
Para o ano voltamos por lá a pedalar!
Umas boas pedaladas para todos!
6 comentários:
fonix!!! bem esbrevido... gostei!!! pra qdo um livro :)
MIKE TEX
Eu voto nele para Primeiro Ministro :P
Belo post amigo!!!
.. ' eu digo te a ''caca de cavalo'' lol... era gafanhoto :P
Pois pois.. é só graxa :P
Da próxima vai haver sorteio...
E do passeio gostaram? Quais foram os melhores momentos? Onde é que vos fraquejaram as canetas?
Por minha vontade um dia destes repetíamos a dose!
:D
Tou exausto....
Parte muito boa: a subida do rio àgueda (recuperámos lugares até dizer "já chega, vamos respeitar o nosso nome..."). Grande forma do pessoal, em especial do Miguel!
Parte boa: As velocidades cruzeiro (Elevadissimas: média de quase 20Km)
Parte menos boa: Em porto seguro não termos escolhido o caminho da esquerda e irmos aos 80Km e conhecer a famosa ponte dos franceses.
Uma boa razão, para além de todas as outras, para lá irmos no próximo ano.
Vitor
CONCORDO...
.....
...E FAZEMOS ESCALA.... Em Fuentes!!!!
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